“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia” (Lucas 9,22).
Aquilo que Jesus está anunciando de si mesmo é o que muitos de nós homens não queremos saber a respeito de nós mesmos, porque, de si mesmo, Jesus está anunciando o sofrimento, a rejeição e a morte.
Se tem três palavras que nós não queremos no nosso vocabulário é sofrimento, rejeição e morte. Veja que isso nasce da pergunta que Ele faz: “Quem dizem que eu sou? Alguns diziam que é Elias ou um dos profetas”. É Pedro, no entanto, que diz: “Tu és o Jesus Cristo”. Jesus responde: “Pedro, não diga isso a ninguém, enquanto não compreenderem quem é o Cristo”. (cf. Lucas 9,18-19)
Quem é o Cristo? Ele é o servo sofredor, é o homem que assume a nossa humanidade com todas as suas consequências. Cristo assumiu a nossa humanidade, mas nós, muitas vezes, não a queremos assumir.
Não dá para sermos homens e mulheres na humanidade mais plena se não abraçarmos aquilo que a humanidade gera em nós. Sim, o sofrimento é inerente à natureza humana, não é sofrer por sofrer, porque sofrer é a condição para existir, é a consequência do mundo em que estamos.
O mundo se tornou injusto, pecador, e isso gera, na nossa vida, terríveis sofrimentos. Alguém vai dizer: “Quem está em Deus não sofre”. Sofre, mas sofre com dignidade, apenas que dá sentido ao sofrimento.
Morremos para esse mundo e nascemos para Deus, de modo que nem a morte última tem poder sobre nós
Há pessoas que não querem sofrer, mas causam tanto sofrimento na vida dos outros! O grande ou o terrível sofrimento é não saber sofrer com dignidade. O terrível sofrimento é não assumir os sofrimentos e não conceder a eles a vida nova, a vida em Deus na qual Ele nos resgatou.
Somos rejeitados como Cristo foi rejeitado, e segui-Lo quer dizer ser rejeitado mesmo, porque a Palavra d’Ele é rejeitada, então, quem O segue também será rejeitado, a Palavra d’Ele não é amada, e segui-Lo significa não ser também amado.
A realidade mais certa da vida é que morreremos; a diferença é que não encaramos a morte como tragédia. A tragédia é para aqueles que não conhecem Deus, a tragédia é para aqueles que não morrem em Deus, a tragédia da morte é para aqueles que não têm a vida em Deus.
Morremos para este mundo e nascemos para Deus, de modo que nem a morte última tem poder sobre nós. Ela pode nos arrebatar neste mundo, mas não nascemos para este mundo. Nascemos para ser para sempre de Deus.
No nosso vocabulário, sofrimento, rejeição e morte têm significado de dignidade, porque o Filho do Homem sofreu, foi rejeitado e morreu para nos dar a vida. Por isso, somos seus seguidores carregando a nossa cruz de cada dia com todas as suas consequências, com o sofrimento, a rejeição e morte que traz vida nova.
Deus abençoe você!