“Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso” (Lucas 6,36).
Se tem um substantivo, e talvez o único substantivo que deveria estar pregado em nós, é a misericórdia; e uma vez que está em nós, torna-nos homens e mulheres misericordiosos, e a graça de Deus está estampada em nós quando vivemos a misericórdia.
O que nos torna as pessoas de Deus não é falarmos d’Ele, não é pregarmos todas as coisas que sabemos sobre Ele. O que nos torna pessoas de Deus não é falarmos novas línguas nem orarmos dessa ou daquela forma. O rosto de Deus em nós resplandece quando vivemos a misericórdia, porque o nome d’Ele é misericórdia.
A misericórdia é a expressão mais profunda do amor divino, é a expressão mais profunda de um Deus que nos cura e nos resgata, que nos coloca de pé sem levar em conta os nossos pecados e os nossos erros, mas que nos trata com o mais profundo amor.
Quais são os traços da misericórdia verdadeira? O Evangelho nos ensina que, primeiro, é não julgar. Uma pessoa misericordiosa não vive julgando os outros.
Criamos verdadeiros tribunais em nossos meios, na sociedade, nos grupos em que vivemos e dos quais fazemos parte. A Igreja não é um tribunal de julgamentos, mas sim a casa da misericórdia.
A misericórdia é a expressão mais profunda de um Deus que nos cura e nos resgata
Em nossa casa, em nossa família, na participação em grupos, inclusive, nas redes sociais (até precisamos sair de muitos para sermos curados), estamos sendo muito mais julgadores em vez de sermos o bálsamo da misericórdia divina para o mundo tão marcado pela violência, pelo combate e pelos embates.
Só é presença de Deus quem sabe ser presença misericordiosa, sem julgar pelas aparências nem pela razão que achamos que temos.
O coração misericordioso é aquele que não condena. O quanto nós, até de forma intuitiva, condenamos uns aos outros! Emitimos sentenças de morte, de prisão, rotulamos as pessoas, e essa é a forma mais clara do nosso julgamento. Dizemos que tal pessoa não presta, não vale nada, jogamos essa pessoa no inferno. Enfim, criamos rótulos de julgamentos e condenação para as pessoas.
Uma coisa é julgar, pois aí já falta a misericórdia, e a falta da misericórdia extrapola quando condenamos, quando excluímos, quando lançamos as pessoas no calabouço do mal de acordo com nossos critérios, de justiça ou a falta dela.
“Perdoai e sereis perdoados”. A face mais extrema e mais bela da misericórdia é a dimensão do perdão. Como Deus nos perdoa e não se cansa de nos perdoar! Como Deus nos perdoa todas as vezes que buscamos a Sua misericórdia, e como o perdão d’Ele não leva em conta os nossos pecados! Como Deus se atreve a nos amar tanto!
Eu não tenho outra coisa para oferecer ao meu irmão a não ser o meu perdão verdadeiro e sincero, o perdão de quem experimentou a misericórdia de Deus e se tornou expressão dela para os outros.
Não amemos com palavras, mas com a profundidade da misericórdia divina.
Deus abençoe você!