Precisamos exercer o amor caridade

“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles” (Mateus 6,1).

Na sociedade das aparências, que é o mundo em que vivemos, muitas vezes nos preocupamos com aquilo que é aparente, e não com aquilo que é real, essencial e verdadeiro. Por isso, iniciando este tempo da graça, que é o Tempo Quaresmal, somos chamados por Deus a nos despirmos de todas as nossas máscaras e fantasias, a nos despirmos de tudo aquilo que não é autêntico em nossa vida para nos purificarmos pela graça de Deus.

Como está nos dizendo a profecia de Joel, o importante não é alguém rasgar as suas vestes, mas rasgar o coração, dilatá-lo na presença de Deus, para que este coração seja renovado e purificado pelo amor divino.

Aquele que se relaciona com Deus relaciona-se por via da oração verdadeira e autêntica, aquela oração que é feita no segredo. Sim, fazemos muitas orações que são públicas, e elas têm seu valor, mas a oração que agrada a Deus é aquela em que nos retiramos para o nosso interior, para o nosso quarto, o nosso cantinho, onde estamos só nós e Deus. Precisamos, mais do que nunca, caprichar na oração pessoal, na oração em que nos colocamos na presença do Senhor Nosso Deus.

O amor caridade não é o amor a quem escolhemos amar, mas, com o Espírito de Cristo, amarmos a todos cuidando

Precisamos corrigir muitas coisas em nós, por isso a penitência é um caminho de conversão nas próprias más inclinações que temos dentro de nós, nos pensamentos, nos sentimentos; e uma das penitências com certeza recomendadas é o jejum.

Não façamos jejum para fazer propaganda, não façamos jejum para engrandecer, façamos jejum para nos penitenciarmos e, sobretudo neste tempo, para exercermos o autodomínio e o autocontrole. Como precisamos da prática do jejum! Precisamos alcançar os frutos do jejum na vida. A disciplina na língua, no olhar; a disciplina dos ouvidos, dos sentimentos, dos afetos. Por isso, o jejum deve ser cada vez mais um elemento purificador da nossa alma e dos nossos sentidos.

Ao nosso lado estão os irmãos que precisam de nós, e nós precisamos cuidar uns dos outros, a começar pelos que estão mais próximos, na nossa convivência e na nossa família. Mas ao nosso lado existem muitas pessoas sofrendo, padecendo, e precisamos exercer o amor caridade, que é o amor cuidado, amor responsabilidade, que não é o amor a quem escolhemos amar, mas com o Espírito de Cristo amarmos a todos cuidando.

A esmola é uma expressão da caridade que significa: cuidar daquilo que o outro precisa, mas não é aquela esmola onde damos alguma coisa que sobrou, que não queremos mais, onde queremos nos livrar da pessoa. Precisamos nos converter para saber cuidar das dores e dos sofrimentos dos nossos irmãos.

Que, neste Tempo Quaresmal, Deus rasgue o nosso coração para que a Sua graça nos converta. Uma boa e santa Quaresma a todos nós!

Deus abençoe você!