Santuário Nacional de Aparecida já recebeu Rosa de Ouro dos Papas Paulo VI e de Bento XVI
Denise Claro
Da Redação
Ao longo dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, um dos momentos marcantes foi a entrega da Rosa de Ouro ao Santuário Nacional em duas ocasiões, fato lembrado com particular importância.
A Rosa de Ouro é uma oferta dos Papas que simboliza particular estima por cidades, pessoas ou santuários reconhecidos como centros de grande devoção. Além do Santuário de Aparecida, as maiores igrejas do mundo receberam a honraria, como a Basílica de São João de Latrão, Basílica de São Pedro e de Santa Maria Maior. A tradição está documentada desde o Pontificado de Leão IX (1049- 1054) mas acredita-se que exista desde os finais do século VI.
O sacerdote redentorista Vitor Hugo, que também é historiador, explica o significado da oferta. “O sentido último das Rosas de Ouro é de uma homenagem, um gesto de gentileza e de doação do próprio Papa. As Rosas de Ouro são confeccionadas e abençoadas em Roma. É uma rosa porque esta é conhecida como ‘a rainha das flores’, uma flor altamente valorizada pelo significado emocional que transmite, pela sua beleza e perfume. E é feita com o metal mais precioso, o ouro. Cada rosa de ouro é uma obra de arte de um grande ourives”.
A benção das Rosas de Ouro decorre, habitualmente, no Domingo da Alegria, no final da Quaresma.
As Rosas de Ouro no Brasil
O sacerdote explica ainda que o gesto está presente na história do Brasil. “Em nosso país, a primeira Rosa de Ouro foi enviada à Princesa Isabel como agradecimento do Papa Leão XIII pela libertação dos escravos, em 1888. E a segunda Rosa de Ouro, em 1967, enviada à Basílica de Aparecida, em comemoração aos 250 anos da pesca da imagem de Nossa Senhora. Para quem a recebe, ao mesmo tempo em que é uma homenagem, é um sinal de benção”.
Padre Vítor acrescenta que a oferta da primeira Rosa de Ouro ao Santuário Nacional teve um simbolismo também de solidariedade com o povo brasileiro, tanto assim que o anúncio do envio do presente foi feito, em primeira mão, pelo Papa Paulo VI ao presidente recém-eleito Marechal Arthur da Costa e Silva, em janeiro de 1967, quando este o visitou em Roma.
Em mensagem ao Cardeal Carmelo de Vasconcelos Motta, então arcebispo de Aparecida, por ocasião do envio da Rosa, o Papa Paulo IV traduziu da seguinte forma sua intenção: “Dizei a todos os brasileiros, Senhor Cardeal, que esta flor é a expressão mais espontânea do afeto que temos por esse grande povo que nasceu sob o signo da Cruz. No Santuário de Aparecida, ela dará testemunho de Nossa constante oração à Virgem Santíssima para que interceda junto do Seu Filho pelo progresso espiritual e material do Brasil”.
O Papa Bento XVI também ofertou a Rosa de Ouro a Nossa Senhora Aparecida, por ocasião de sua visita ao Brasil durante a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho em Aparecida no ano de 2007. “Papa Bento XVI escolheu que a V Conferência se realizasse em Aparecida, no Brasil. Ele veio especialmente para isso e quis entregar este presente como um gesto agradecido de um Papa romeiro”, lembra padre Vitor Hugo.
As duas homenagens, de Paulo VI e de Bento XVI, foram, portanto, segundo o religioso, uma oferta da Igreja a Nossa Senhora Aparecida. “As duas Rosas de Ouro ofertadas pelos Papas mostram claramente que toda a Igreja presta esta homenagem a Nossa Senhora Aparecida, o que ao mesmo tempo é um gesto de evangelização”. E completa: “É importante lembrar o que o Papa Paulo VI disse no documento enviado junto com a rosa: “Devemos prestar homenagem a Nossa Senhora, mas não devemos parar em Maria, mas ir sempre até Jesus”.