Redentorista elenca pontos importantes dos 300 anos de Aparecida

Superior provincial dos Redentoristas de São Paulo fala sobre ligação dos missionários com Santuário Nacional

Kelen Galvan
Da redação, com colaboração de Thiago Coutinho

Contagem regressiva para a festa da padroeira do Brasil

Grande celebração dos 300 anos do encontro da imagem de Aparecida acontece entre os dias 1 e 12 de outubro no Santuário Nacional / Foto: Arquivo Canção Nova

Há 123 anos, o Santuário Nacional de Aparecida está sob os cuidados pastorais e administrativos da Congregação dos Missionários Redentoristas. Essa ligação com o Santuário começou no final do século XIX, explica o superior provincial da Província Redentorista de São Paulo, padre José Inácio de Medeiros, que comenta pontos importantes desses 300 anos da história de Aparecida. 

O sacerdote conta que, naquela época, a Igreja de Aparecida era declarada como Santuário Arquidiocesano e estava ligada à Arquidiocese de São Paulo. Com o crescente aumento no número de peregrinos e romeiros no Santuário de Aparecida, que contava apenas com a presença de um padre, o Bispo de São Paulo teve a ideia de ir à Europa à procura de uma congregação religiosa que assumisse o local.

“O bispo de São Paulo falou então com o superior geral da Congregação dos redentoristas, na época o padre Matias Raus, que aceitou o pedido e repassou para a província alemã da Baviera. O superior provincial da Alemanha aceitou e depois de um tempo de tratativas foi designada a primeira equipe de missionários redentoristas para vir ao Brasil”, relembra padre Inácio.

Os redentoristas desembarcaram no país em outubro de 1894, e assumiram o Santuário e a Paróquia de Aparecida, que naquela época eram integrados. Desde então, são eles que cuidam do Santuário Nacional. Padre Inácio explica que o local é propriedade da Arquidiocese de Aparecida, criada em 1958, mas cabe aos redentoristas cuidar da administração pastoral e do santuário em si.

“Como parte da administração pastoral nós cuidamos de todo o bem estar pastoral dos peregrinos que visitam Aparecida, tudo o que é relacionado com os sacramentos, com a religiosidade popular, com o atendimento e o acolhimento do povo. E, quanto à administração do santuário, são as obras de reformas, de acabamento e manutenção. Ligado ao Santuário temos várias obras sociais e os meios de comunicação”.

Marcos históricos

Ao longo dos 300 anos de história que envolvem o encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, muitos foram os marcos que favoreceram para que o Santuário se tornasse o que é atualmente: o maior centro mariano do mundo. E muitos destes processos tiveram a participação direta dos redentoristas.

Padre José Inácio de Medeiros, superior provincial da Província Redentorista de São Paulo / Foto: Arquivo A12

Padre Inácio destaca alguns fatos, como a coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida como Rainha do Brasil, em 1904; mais tarde, em 1917, a grande celebração do segundo centenário do encontro da imagem; em 1931, no Rio de Janeiro, na época a capital federal da República, houve a proclamação oficial e solene de Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil, diante de uma multidão de mais de um milhão de pessoas.

Outro fato que marcou a história do Santuário foi em 1967, por ocasião da celebração dos 250 anos do encontro da imagem. Celebrou-se um Ano Mariano e o Papa Paulo VI doou a Rosa de Ouro para o Santuário Nacional, “que foi um gesto, uma atitude de deferimento, muito especial para com o santuário”.

Fatos marcantes do Ano Jubilar

E agora, o Santuário vive a expectativa para a grande celebração dos 300 anos do encontro da imagem, que começou com um tríduo de três anos, em 2014, e a celebração do Ano Mariano, que se iniciou em outubro de 2016 e irá culminar na Festa da Padroeira, no próximo mês.

Para o provincial dos Redentoristas de São Paulo, é difícil destacar um acontecimento mais importante, dentre tantos que aconteceram neste período.

Ele enfatiza a celebração do Ano Mariano, com a possibilidade dos peregrinos ganharem indulgência especiais, seja no Santuário de Aparecida ou outra igreja dedicada à ela em qualquer lugar do país. Outro marco deste ano foi a inauguração dos monumentos à Aparecida tanto no Vaticano, como na sede da CNBB e no Santuário Nacional.

Padre Inácio destaca ainda a peregrinação da imagem de Aparecida por quase todas as dioceses do país; dentre as 275 dioceses, menos de 20 não receberam a imagem. “Em cada estado visitado, acontecia uma cerimônia bonita para recolher a terra daquele estado para ser colocada na coroa jubilar. Para dizer de fato, que Nossa Senhora é do Brasil”.

E, por fim, a cerimônia de coroação de Nossa Senhora realizada no dia 12 de cada mês no Santuário Nacional. Nestas ocasiões eram depositadas na coroa da imagem as porções de terra dos estados brasileiros.

Uma tradição antiga

Além de cuidar do Santuário Nacional de Aparecida, os redentoristas também zelam por outros santuários do Brasil, como o “Divino Pai eterno”, em Goiás; o “Santuário de Bom Jesus da Lapa”, na Bahia; o “Santuário do Morro da Conceição”, em Recife; outro Santuário dedicado à Nossa Senhora Aparecida, em Manaus; entre outros espalhados por outras regiões do país.

O fato da Igreja confiar um santuário ou locais de grande visitação popular à uma congregação religiosa já é tradição há muitos séculos. Como é o caso dos Franciscanos que cuidam de vários lugares sagrados para os cristãos na Terra Santa desde o século XIII.

Padre Inácio explica que, ao pensar nestes lugares de grande visitação de fiéis, a Igreja se preocupa sempre em beneficiar o atendimento do povo e uma das maneiras de fazer isso é entregar estes locais para congregações religiosas que também tenham uma disponibilidade maior.

“Pelo fato de nós termos uma profissão religiosa, de procurarmos praticar os votos religiosos, os religiosos têm também uma liberdade maior, inclusive na hora que o superiores precisam transferir determinada pessoa. Isso é mais facilitado do que nas dioceses. Por isso que no Brasil e fora do Brasil, uma boa parte, para não dizer a maioria dos santuários e dos lugares de visitação estão entregues a congregações religiosas”, esclarece.

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